Câncer na tireoide



Nódulos na tireoide são bastante comuns e, felizmente, a maioria (entre 90% e 95%) é benigna. Diferentes tipos de células da tireoide dão origem a diferentes tipos de câncer e determinam a gravidade da doença e o tipo de tratamento. Eles estão entre os cânceres menos letais, podem ser diagnosticados precocemente e a taxa de sobrevida 5 anos após o diagnóstico chega a 97%.

Ninguém sabe ao certo por que, mas a incidência do câncer de tireoide vem crescendo. Ele é mais comum entre as mulheres, mas não é exclusivo delas. No Brasil é o quinto mais comum na população feminina e são estimados cerca de 8 mil novos casos esse ano.

Os tipos mais comuns de câncer de tireoide são o carcinoma papilífero e o carcinoma folicular. O anáplasico, mais agressivo, é raro e geralmente ocorre em idosos com mais de 70 anos.

carcinoma papilífero responde por 80% dos casos, se desenvolve nas células foliculares e têm crescimento lento. Podem atingir um único lobo da tireoide ou múltiplos focos da doença dentro da tireoide. Apesar de se desenvolver lentamente, o carcinoma papilífero pode atingir os gânglios linfáticos do pescoço, mas ainda assim, o tratamento costuma ser bem-sucedido e tem altos índices de cura.

carcinoma folicular é mais raro e mais comum em países ou regiões em que a população não recebe suprimento de iodo adequado na alimentação. Ao contrário do que ocorre com o carcinoma papilífero, o folicular raramente atinge os gânglios linfáticos, mas pode atingir pulmões e ossos. Seu prognóstico é levemente pior que o do carcinoma papilífero, mas a doença costuma reagir bem ao tratamento. 

Boa parte dos casos de câncer de tireoide é diagnosticado precocemente, antes mesmo de produzir sintomas que o paciente perceba.

Como a maioria dos casos é entre mulheres, as consultas periódicas ao ginecologista é que costumam detectar o tumor em seu início. Em alguns casos é o próprio paciente que percebe os nódulos. 

SINAIS E SINTOMAS: 

O câncer de tireoide frequentemente é assintomático, mas podemos observar seguintes sinais e sintomas:

  • Nódulo no pescoço, que às vezes cresce mais rapidamente;
  • Rouquidão ou mudança no timbre de voz que não desaparece com o tempo;
  • Dificuldade para engolir;

Outros cânceres de pescoço e outras doenças benignas podem causar os mesmos sintomas. Lembre-se de que a maioria dos nódulos de tireóide é benigna, mas só um exame mais detalhado pode identificar se há um câncer ou não. Quanto mais precoce o diagnóstico, maiores as chances de sucesso do tratamento.

INVESTIGAÇÃO:

Punção aspirativa com agulha fina (PAAF): é o método mais simples de diagnóstico e geralmente é feito guiado pela ultrassonografia. Uma agulha fina é introduzida no nódulo e através dela obtém-se amostra de células da tireoide. O procedimento é repetido 2 ou 3 vezes, para que o médico retire amostras de diferentes áreas. Em seguida, a amostra é examinada ao microscópio em busca de células cancerosas. E, em alguns casos, o exame precisa ser repetido, porque seus resultados não são conclusivos. Se a dúvida persistir, o médico pode optar por uma cirurgia diagnóstica, a remoção de parte ou de toda glândula e seu posterior exame.

Tomografia por emissão de pósitrons (PET): Esse exame usa uma forma radioativa de glicose que é absorvida em grande quantidade pelas células cancerosas e é detectada por uma câmera especial. É um exame importante para casos em que o câncer de tireoide não absorve iodo radioativo. Neste caso, ele é útil para dizer se o câncer se espalhou ou não.

Exames de sangue: não há exame de sangue capaz de dizer se um nódulo de tireoide é cancerígeno. Mas os níveis de tireogobulina no sangue servem para avaliar a atividade da tireoide. Nas pessoas que tiveram cânceres e retiraram toda a tireoide, os níveis sanguíneos de tireoglobulina têm de ser bem baixos. Níveis altos podem indicar uma recidiva, isto é, que o câncer está de volta.

CAUSAS:

Entre as causas da doença está o histórico familiar de câncer. É preciso observar se, na família, alguém já apresentou esse tipo de problema. Também é mais provável que ele surja entre pessoas que, na infância, foram submetidas à radioterapia na cabeça, pescoço ou tórax. No entanto, mesmo não possuindo esses fatores de risco, uma pessoa pode vir a ter o câncer da tireoide.

TRATAMENTO:

Os métodos de tratamento do câncer de tireoide incluem cirurgia, tratamento com iodo radioativo e terapia hormonal. Raramente é necessário quimioterapia.

Cirurgia

O tratamento-padrão para o câncer de tireoide. Como os carcinomas papilíferos podem aparecer nos dois lobos da glândula e o carcinoma folicular é mais agressivo, os cirurgiões tendem a remover toda a tireoide (chamamos tireoidectomia total).

Quando a doença atinge gânglios linfáticos próximos, o especialista retira aqueles que aparecem aumentados e atingidos pelo câncer. Células cancerosas que tenham permanecido no local são mortas mais tarde, por iodo radioativo.

O paciente normalmente tem alta do hospital 2 a 3 dias após a cirurgia. Os exames do pré-operatório podem incluir a USG cervical para avaliar se existem gânglios linfáticos afetados e a laringoscopia para avaliar as cordas vocais do paciente, já que em alguns raros casos a cirurgia provoca alterações na voz, com rouquidão temporária ou permanente. Outro problema que pode ocorrer por causa da operação é algum dano às paratireoides, glândulas que ficam perto da tireoide e que ajudam a regular o metabolismo de cálcio. Se isso ocorrer, pode haver queda dos níveis de cálcio no sangue, provocando espasmos musculares e sensação de dormência. Essas ocorrências muitas vezes são apenas temporárias, porém, podem ser permanentes. São mais raras quando o paciente está nas mãos de cirurgião de cabeça e pescoço experiente.

Todos os pacientes que passam por remoção total da tireoide têm de tomar medicação para repor o hormônio tireoidiano pelo resto da vida.

Terapia com iodo radioativo ou radiodoterapia (não é a mesma radioterapia que conhecemos para outros tipos de câncer)

A tireoide absorve praticamente todo iodo do organismo. O iodo radioativo, absorvido pela tireoide, destrói células remanescentes da tireoide (normais e cancerosas) sem afetar o resto do corpo. Esse tratamento é usado tanto para destruir qualquer célula da tireoide que tenha permanecido no organismo bem como o câncer de tireoide que tenha se espalhado para gânglios linfáticos e outros órgãos. Geralmente o paciente tem que suspender a levotiroxina (T4) ou tomar antes o TSH para estimular o tecido que restou da glândula e as células cancerosas a absorver iodo. Em alguns casos indica-se uma dieta pobre em iodo. Depois, ele é internado no Hospital e permanece isolado por um ou dois dias, por causa da radioatividade. O tratamento pode desregular o ciclo menstrual das pacientes por algum tempo e recomenda-se que elas só pensem em engravidar 1 ano depois de terminado o tratamento.

Estadiamento

Saber em que estádio está o câncer é fundamental para o planejamento do tratamento, para que o paciente e seu médico possam discutir alternativas terapêuticas e para que a equipe que cuida do caso tenha uma perspectiva mais definida das possibilidades de recuperação. Para o estadiamento pode ser realizado Cintilografia com Pesquisa de metástase em Corpo Inteiro (PCI). 

Reposição hormonal

Com a remoção da tireoide, os pacientes não têm mais como produzir hormônios fundamentais para o bom funcionamento do organismo e precisam tomar comprimidos (T4) para fazer a reposição. Normalmente a função da tireoide é regulada pelo TSH, produzido pela hipófise, que também promove o crescimento da tireoide e provavelmente o crescimento das células cancerosas. Com a reposição, os níveis de TSH caem e isso é importante, porque estudos mostram que pacientes com TSH baixo, próximo a zero, têm menor risco de recidiva, isto é, de voltar o câncer.

O hormônio da tireoide, administrado na dose correta e com acompanhamento médico, não causa efeitos colaterais.

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